data-filename="retriever" style="width: 100%;">Os ataques verbalizados pelo Primeiro Mandatário brasileiro às urnas eletrônicas causam preocupação fundamentada entre os convictos democratas. O que parecia ser delírio inconsequente de quem sai vitorioso numa eleição e, ainda assim, nega a confiabilidade do sistema, transformou-se em perigosa ameaça para o futuro. Está evidente que o personagem, com seu desprezo pelas instituições e regras do jogo democrático, teme perder a próxima eleição e de antemão joga o argumento para não aceitar o resultado e intentar manter-se no poder ainda que derrotado.
A insistência teimosa em desmoralizar a urna eletrônica, em nome da necessidade de imprimir o voto e assim torná-lo auditável posteriormente, vai semeando radicalização nos seguidores mais fanáticos e desconfiança em parcela considerável de cidadãos. Afinal, a maioria terá dificuldades de entender o funcionamento do sistema, a impossibilidade de conferir se a sua manifestação foi registrada corretamente. A fiscalização e auditoria das urnas eletrônicas necessita de conhecimentos técnicos e os partidos políticos são convidados a realizar esse controle nas várias fazes de um processo eleitoral, inclusive na preparação das urnas. Para isso é necessário que cada partido tenha quadros com a requerida capacidade tecnológica.
Preparava-me para expor posição pessoal: as urnas eletrônicas são confiáveis e a impressão dos votos demanda recursos volumosos; todavia nada é mais importante na democracia do que a legitimidade das instituições e dos processos de formação do poder político. Se há risco de parcela significativa negar legitimidade ao pleito que se faça a mudança para o voto impresso e se gaste a quantia calculada em três bilhões de reais para implantar o novo sistema. Todavia tem sido alertado que mesmo gastando essa elevada cifra seria impossível viabilizar os equipamentos e providências para implantação no próximo ano nas milhares de urnas de todo o Brasil.
Vozes equilibradas sugerem um percentual de urnas com voto impresso para teste e auditoria em 2022. Isto seria possível. Tal iniciativa afugentaria a contestação dos que agem com segundas intenções de questionar a legitimidade do pleito e acalmaria os espíritos honestos desconfiados? É a pergunta crucial que resta.
Sou longevo em acompanhar eleições, na condição de radialista na década de 60, de mesário e, mais tarde, de candidato a diferentes cargos em seis pleitos seguidos! Quando do voto manual e das contagens de cédulas acompanhei os escrutínios com direito de fiscalização. Vi muitas manobras de fraude. Votos de um candidato sendo colocados no monte de outro para serem contados. Escrutinadores rabiscando números em votos em branco etc. A implantação da urna eletrônica eliminou as fraudes tradicionais. Somente sofisticada manipulação de programa poderá atingir o correto resultado do pleito. Não podemos regredir, só melhorar.